Gente
que vai morrer aos poemas
a quem não deixaram nada
que não deixam nada
viveram rente à miséria
e nela morreram em harmonia
viveram junto
às aves de rapina
e de sovina
gente sem amnistia
e que sorria
claramente vista
meticulosamente revista
pois não vá o diabo tecê-las
gente vista por outra
com óculos de osso de tartaruga
gente que não se vê
e outra
que não se enxerga
gente que não vê
mais longe
e outra de incurável
miopia.
que vai morrer aos poemas
a quem não deixaram nada
que não deixam nada
viveram rente à miséria
e nela morreram em harmonia
viveram junto
às aves de rapina
e de sovina
gente sem amnistia
e que sorria
claramente vista
meticulosamente revista
pois não vá o diabo tecê-las
gente vista por outra
com óculos de osso de tartaruga
gente que não se vê
e outra
que não se enxerga
gente que não vê
mais longe
e outra de incurável
miopia.
Lisboa, 11 de Janeiro de 2016
Carlos Vieira
Carlos Vieira