Espelho II
Espelho meu,
espelho meu,
porque mentes?
devolve-me
a luz e a voz
tudo aquilo
que fui
o que sou eu.
Lisboa, 30 de Outubro de 2014
Carlos Vieira
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Espelho I
Quando me olho ao espelho
não vejo o argueiro
no meu olho
suspeito
que um parasita
me invadiu
o coração.
Lisboa, 31 de Outubro de 2014
Carlos Vieira
Pálpebras...
Pálpebras
asas
e pétalas
neste outono
de onde se desprende
o voo
de um olhar
que se despede
num sono de morte.
asas
e pétalas
neste outono
de onde se desprende
o voo
de um olhar
que se despede
num sono de morte.
Lisboa, 29 de Outubro de 2014
Carlos Vieira
Carlos Vieira
Poema por um olhar de equídeo
Um cavalo
atravessou o auto-estrada
à minha frente
chuvia torrencialmente.
Não consegui
evitar que o seu olhar
me acompanhasse
uma boa dezena de quilómetros
na dança do limpa-pára brisas.
Encostei numa estação de serviço
e só aí o endiabrado alazão
me pareceu ter regressado à campina.
Não foi a primeira vez
que me senti tão incomodado
por um tão humano
olhar de animal.
atravessou o auto-estrada
à minha frente
chuvia torrencialmente.
Não consegui
evitar que o seu olhar
me acompanhasse
uma boa dezena de quilómetros
na dança do limpa-pára brisas.
Encostei numa estação de serviço
e só aí o endiabrado alazão
me pareceu ter regressado à campina.
Não foi a primeira vez
que me senti tão incomodado
por um tão humano
olhar de animal.
Ritual
Eu falo-te
não me ouves
nem reparas
que estou
a teu lado
que só tenho
olhos para ti
que tu és o ar
que respiro
afastas-te
vou atrás de ti
sigo-te
não posso
perder-te
páras mais
à frente
julguei
que talvez
esperasses
por mim
agachas-te
fico preso
na magia
da imagem
do teu pé
descalço
do teu busto
dobrado
das tuas
mãos hábeis
a apertar
o atacador
agora
que estás
de joelhos
desse ângulo
podes ver-me
e dizer-te
do meu amor
sem te parecer
um absurdo
excesso
enquanto isso
dás o nó.
não me ouves
nem reparas
que estou
a teu lado
que só tenho
olhos para ti
que tu és o ar
que respiro
afastas-te
vou atrás de ti
sigo-te
não posso
perder-te
páras mais
à frente
julguei
que talvez
esperasses
por mim
agachas-te
fico preso
na magia
da imagem
do teu pé
descalço
do teu busto
dobrado
das tuas
mãos hábeis
a apertar
o atacador
agora
que estás
de joelhos
desse ângulo
podes ver-me
e dizer-te
do meu amor
sem te parecer
um absurdo
excesso
enquanto isso
dás o nó.
O caminho das pedras
Ouvi um estrondo
uma chuva
de pequenas pedras
uma nuvem de pó
na pedreira
que extirpa
da montanha
o calcário
e há um trabalhador
que surge
junto a um contentor
apenas um rosto
ensanguentado
de um Deus
sem capacete
que desce o calvário
que sobreviveu
à tragédia
ao fadário
das estatísticas
dos acidentes
de trabalho.
uma chuva
de pequenas pedras
uma nuvem de pó
na pedreira
que extirpa
da montanha
o calcário
e há um trabalhador
que surge
junto a um contentor
apenas um rosto
ensanguentado
de um Deus
sem capacete
que desce o calvário
que sobreviveu
à tragédia
ao fadário
das estatísticas
dos acidentes
de trabalho.
Uma camisa de forças
Procurava
a evasão
que foram
teus lábios
na noite escura
cansado
do beijo
da insónia
amarrado
aos abraços
esterilizados
dos lençóis
de linho
na almofada
o meu suor
cercado
pela ausência
feroz
do teu perfume.
a evasão
que foram
teus lábios
na noite escura
cansado
do beijo
da insónia
amarrado
aos abraços
esterilizados
dos lençóis
de linho
na almofada
o meu suor
cercado
pela ausência
feroz
do teu perfume.
Subscrever:
Mensagens (Atom)