A pequena farpa de escárnio incendeia a floresta
onde transgride a petulância dos duendes
a faúlha que surge das sombras onde te enredaste
numa solidão de espinhos e no riso trocista das amoras
cúmplices da articulada estratégia das aranhas
e quando te desenvencilhas do labirinto
o banho de luz da clareira enxagua-te o corpo
e a clarividência dos trilhos tolda-se
face à planeada exuberância dos odores
que gravitam à tua volta
nunca serei o mesmo depois que comunguei
o crepúsculo das alcateias e o rumor secular dos cedros
sempre que agora te tocar ficarei bastante perturbado
pela tua distância e pela minha fragilidade
as florestas negras que atravessei correm-me nas veias
confundem-me perante os mistérios do amor
e os impropérios com que me excitas
e a sofreguidão que nos devora.
Lisboa, 12 de Julho de 2014
Carlos Vieira