o nu
aceso
integral
de poro
em poro sem paladar
corre a lágrima
para o teu delta
uma lâmina
de sal
fenda
à flor da pele
ferida vibrante
contorno
o ombro
e todo o desencontro
o teu umbigo
essa flor
destroçada
no pescoço
ao alto descansa um barco
encalhado num beijo
a língua
no cume dos mamilos
onde um dia vai secar o leite
no baixo ventre
solta-se o teu delírio
e eu sou mais que a morte a demência
estás deitada
tuas pernas levantadas
e nas solas dos teus pés assolam vertigens
viras-te
e o pulsar do teu peito
pede-me veemente uma ponte para o mundo
afinal após o desespero e depois da tempestade
após os nossos corpos saciados
tudo se tornará na terra irrepetível e intemporal
Lisboa, 4 de Maio de 2014
Carlos Vieira