O amor ou é louco ou então não é nada. (Milan Kundera)
do teu corpo
ficaram
indeléveis
as frequências
os recantos
a tendência
de decantar
na paisagem
que me cerca
os teus aromas
o pecado
de conspirar
nos teus lábios
a ler para mim
no meu tronco
a dedilhar
o deslumbramento
ao despertar
entre a névoa
do desejo
hoje procuro
rente à pele decifrar
as cicatrizes
que deixaste
por sarar
regressar a ti
descobrindo
no caminho
os rastos
que fiz sozinho
acompanhado
de estranhos ritmos
e cintilações
que não destrinço
se vindas
do passado
se do futuro
não sei se estou
tão perto
ou se tu estás
tão longe assim
ou vice versa
no amor sempre
prevalece
este equívoco
esta desordem
do tempo
e da distância
em que tu
és apenas
tudo aquilo
que nunca
se esquece
Lisboa, 18 de Abril de 2014
Carlos Vieira