quarta-feira, 26 de março de 2014

Vistas panorâmicas I - S.º Jorge


vigio a serenidade da tua silhueta sentada a ler o romance que nunca conhecerei debaixo do alpendre 
o azul deitado do canal suspira fragmentos de espuma perante a atenção do Pico perpendicular ao fundo 
e à direita entre os bocejos de um castanheiro tímido os ouriços vivem pendurados na luz  do crepúsculo.

Lisboa, 26 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira


Estribo

Estribo
um pequeno osso
que faz a grande diferença
entre o "sussúrio"
e o murmúrio.

Lisboa, 25 de Março de 2014
Carlos Vieira

Um tempo...


um tempo de aniquilar 
sobretudo
o semelhante

Lisboa, 25 de Março de 2014
Carlos Vieira

terça-feira, 25 de março de 2014

Em cada um de nós...

em cada um de nós
cresce um facínora
e um penitente

Lisboa, 25 de Março de 2014
Carlos Vieira

Não consigo...

Não consigo suster
todos os demónios
que em mim habitam
aos anjos ninguém
acredita.

Lisboa, 25 de Março de 2014
Carlos Vieira

A gota de água...

a gota de água
que faz transbordar o copo
é a mesma que nos sacia

Lisboa, 25 de Março de 2014
Carlos Vieira

Descer à Terra...

Descer à Terra
para te salvar
de te encharcares
em barbitúricos
a partir 
da minha filosofia
de alcova
subimos de novo
aos céus
dos enganos
ledos e cegos.

Lisboa, 25 de Março de 2014


Carlos Vieira