domingo, 9 de fevereiro de 2014

The Microscope


    Anton Leeuwenhoek was Dutch.
    He sold pincushions, cloth, and such.
    The waiting townsfolk fumed and fussed
    As Anton’s dry goods gathered dust.
    He worked, instead of tending store,
    At grinding special lenses for
    A microscope. Some of the things
    He looked at were: mosquitoes’ wings,
    the hairs of sheep, the legs of lice,
    the skin of people, dogs, and mice;
    ox eyes, spiders’ spinning gear,
    fishes’ scales, a little smear
    of his own blood, and best of all,
    the unknown, busy, very small
    bugs that swim and bump and hop
    inside a simple water drop.

    Impossible! Most Dutchmen said.
    This Anton’s crazy in the head!
    We ought to ship him off to Spain!
    He says he’s seen a housefly’s brain!
    He says the water that we drink
    Is full of bugs! He’s mad, we think!

    They called him dumkopf, which means dope.
    That’s how we got the microscope.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Ondas, ondas, ondas...

Ondas, ondas, ondas, ondas

Versos

Versos

Versos

Versos

Ondas, versos, ondas, versos

Tudo se esvai e se molda 
nas dunas da praia
na espuma 
dos dias

Apenas as gaivotas
e o eco 
das palavras
sobrevoam o areal

Ondas e mais ondas
e versos
que são redes no mar.

Lisboa, 8 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira





O temporal...

O temporal abate-se sobre a costa portuguesa
barbaramente
nobre povo
pobre gente
que já nem a terra tem firme.

Lisboa, 8 de Fevereiro de 2014


Carlos Vieira

Abro la noche

Abro la noche para recibirte. En cada palabra
mis manos inician un largo recorrido hacia la sombra,
hacia lo que no es posible abarcar. Y sin embargo,
helo ahí como si quisiera traernos un pedazo de nosotros mismos,
un fragmento de luz, una sílaba cerrada en su misterio.

Nombrarte es el comienzo del exilio. Y permanecer en ti
una constante despedida. Ofrezco mis ojos a lo que se diluye bajo tu lámpara.
A la eternidad que se desteje minuto a minuto para que yo pueda entrar en ella.
Sin cortejos. Sin una guía para mis pasos.

Escribo en el polvo este no saber hacia dónde,
a qué distancia se oculta la rosa.
Nuestro diálogo es el inicio del viaje, su silencio el camino de retorno.

Es necesario permanecer a la intemperie.

ABRE TODAS AS PORTAS





Abre todas as portas: a que conduz ao ouro,
a que leva ao poder, a que esconde o mistério
do amor; a que oculta o segredo insondável
da felicidade, a que te dá a vida
para sempre no gozo de uma visão sublime.
Abre todas as portas sem pareças curioso
nem dar importância às manchas de sangue
que salpicam os muros das habitações
proibidas, nem às jóias que revestem os tetos,
nem aos lábios que buscam os teus na sombra,
nem a palavra santa que espreita nos umbrais.
Desesperadamente, civilizadamente,
contendo o riso, secando tuas lágrimas,
no limiar do mundo, no fim do caminho,
ouvindo como cantam os rouxinóis,
não duvides, irmão: abre todas as portas.
Mesmo que nada exista dentro.


                   (de Los mundos y los días, 1998)



O erotismo segundo Bataille

Mas essa nostalgia comanda em todos os homens as três formas de erotismo. Falarei sucessivamente dessas três formas, a saber: o erotismo dos corpos, o erotismo dos corações e, finalmente, o erotismo sagrado. Falarei dessas formas a fim de deixar bem claro que nelas o que está em questão é substituir o isolamento do ser, a sua descontinuidade, por um sentimento de continuidade profunda. (Bataille, 1987:15)

ESMOLA


Versos,
em brasa,
como tostões à porta de uma igreja
iluminando as mãos
de um pobre.



4-XI-99
José Ricardo Nunes