"mas a avó pusera um chapéu de palha azul-escuro com um ramo de violetas brancas na pala e escolhera um vestido do mesmo tom com pequenas pintas brancas. O colarinho e os punhos eram de organdia branca rematada por rendas e junto ao pescoço tinha pregado um alfinete de violetas roxas com um saquinho aromático. Em caso de acidente, qualquer pessoa que a encontrasse morta na auto-estrada saberia imediatamente que estava ali uma verdadeira senhora."
Flannery O'Connor, Um Bom Homem é Difícil de Encontrar
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Sangre joven
Quiero tu sangre joven, que es querer
todo lo que la vida aún no ha podido hacerte.
De lo que me alimento
es de esa inútil sangre esperanzada,
de cuanto sé que ignoras hasta hoy,
y que más nos valdría que no supieses nunca.
De esa manera, por obra de tu sangre,
creo en lo que no creo, y olvido lo que sé
que te ha de suceder. Quiero esa risa
que aún no ha tenido tiempo de hacerse prudente,
de pensarse dos veces si reír
es celebrar el mundo o lamentar su estado.
Envidio el que no hayas vendido
ninguna alma al diablo, y que bailes con él
a la luz de la luna, a veces, sin conciencia.
Juego contigo, porque no sabes las reglas,
ni siquiera las de tu propio juego,
y mientras las aprendes
soy el que ya no soy desde ya no sé cuándo.
Quiero la impunidad con que te entregas
a la tarea de vivir la vida,
sin paz, sin horizonte, sin infierno,
que son el argumento de las vidas ajenas.
Viéndote hacerlo, se diría
que desconozco todo lo que conozco.
Así es tu sangre,
Ya sabes lo que busco.
Qué tristeza que el tiempo, o yo, o tú misma
tengamos que matar, en ti, toda tu sangre.
Lee todo en: Sangre joven - Poemas de Carlos Marzal http://www.poemas-del-alma.com/carlos-marzal-sangre-joven.htm#ixzz2sOHNNUK6
Em tempo de miséria
desço por um jardim transparente
entre lodo e hortelã
andam assistentes sociais pelo bosque
à procura de pobres
agitam contas e berlindes
acaba aqui a rédea solta, há que escolher as armas
troco à sombra do derradeiro cipreste
dois versos e um dedo
por uma noite de sono e um detonador
joão almeida
resumo
a poesia em 2009
assírio & alvim
2010
Em terra de cegos...
"Em terra de cegos, só quem tem um olho é rei. Quem vê com os olhos todos, o corpo todo, a alma toda só pode estar condenado ao exílio e à maldição"
João Bénard da Costa
João Bénard da Costa
Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz
Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações
Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
O café...
O café é um cerimonial
o lote, a máquina limpa
a água pouco calcária
a chávena escaldada
o humor do Sr. Fernando
o açúcar mascavado
a humidade do teu olhar
depois do sexo incendiar
os raios do amanhecer.
Lisboa, 3 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira
Apardalados
Apardalados
Um casal de namorados
atónitos
entrelaça as mãos
aves decapitadas.
Pousavam sobre
as mesas
as chávenas de café
arrefeciam,
intercaladas
por beijos intemporais.
Olham-se
como se fosse
a primeira vez
que se viam
reinventam a narrativa
das caricías breves
e dos pequenos gestos.
Em tempo crise
mais ousam os pardais
ao aproximarem-se
e ao debicarem pelo chão
à volta deles
as migalhas de amor
e de pão
Por pouco
cagam-lhe em cima
o que bam vistas as coisas
não é poético
nem é bonito.
Lisboa, 3 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira
Lisboa, 3 de Fevereiro de 2014
Carlos Vieira
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