sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Numa passagem de nível...

Numa passagem de nível
encontrei o meu amor,
enquanto o comboio
passava eu estremeci,
jamais nos cruzamos.

Lisboa, 23 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Observo-te ao espelho...

Observo-te pelo espelho
o teu olhar de punhal
sem misericórdia
e insensatez felina
de puro instinto animal
volto-me para ti
uma breve caricía
abraço-te e eis-te de novo
menina apenas menina.

Lisboa, 23 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira

Digo o teu corpo...

Digo o teu corpo
e as sílabas acendem-se uma a uma
o texto é fogo posto à flor da pele
index da inquisição
e a volúpia que me consome
entrelinhas procura dentro de ti
na gramática dos movimentos
um orgasmo de mel.

Lisboa, 23 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira

Acabaste de passar...

Acabaste de passar 
a lâmina solar da esquina
e perdi-te debaixo do viaduto
se pudesse iria a correr ver-te irromper
do outro lado fulgurante a libertartares-te 
da penumbra e saindo um pouco transtornada
ias olhar-me demoradamente como se fosse a primeira
e a última vez e depois eu ficava ali a sangrar de um inesperado
amor de passagem não correspondido.

Lisboa, 23 de Janeiro de 2014

Carlos Vieira

Mudam-se os tempos, as regras ou escondem-se os “berlindes”



Lá vai o tempo
em que se jogava o berlinde,
de joelho no chão
e dois palmos antes do buraco,
agora ao falar-se de “berlin-de”
falamos de coisas muito mais sérias,
de um jogo inteligente,
deve ter muita estratégia
e sem desperdícios,
não se brinca
com o nosso dinheiro
e “de pequenino
é que se torce o pepino”,
são precisos
hábitos de trabalho,
ser responsável,
faço figas
com as mãos nos bolsos,
seguro
bem os "guelas"
e o abafador
da sorte.

Lisboa,  23 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira



                                                           Foto de autor desconhecido

Tem saudade...

Tem saudades
de ver o mar
e no entanto
tem medo dele,
no amor
é sempre assim,
o saber das marés
do tempo
e das distâncias.

Lisboa, 23 de Janeiro de 2014

Carlos Vieira

Todo o dia....

Todo o dia este martelo
percutindo na imaginação
à noite não vivo sonambulo.

Lisboa, 23 de Janeiro de 2014

Carlos Vieira