terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Números

Números

Estou há um quarto de hora
à espera do 758
outras pessoas esperam
à 10 minutos pelo 701
são 7h35m
e estão 8.º centígrados
e aguaceiros
até meio da manhã
com predominância de norte
 o vento terá por vezes
 rajadas fortes
e ondas com 5 metros
de altura
na costa ocidental
o que me vai valendo
neste temporal
deste dia 21
é a ilimitada magnitude
da tua ternura
na madrugada
grau 7 da escala de richter
a última réplica
o beijo de raspão
ao fechar-se a porta
do  elevador
para 6 pessoas
e esse perfume
que me acompanha
nessa diária viagem
dessa memória breve
até à 2.ª Cave.

Lisboa, 21 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira

Não morro de amores

Não morro de amores

Não morro de amores
pelos autocarros apinhados
pela profusão de cheiros
de gente que presumo
vai fazer tudo na vida
sobretudo vão para os empregos
fruto das circunstâncias
destes apertos onde sobrevivo
por causa dos autocarros apinhados
estou mais forte na matemática
isto é, depreendi
que havendo menos autocarros
há menos empregos
e menos vida para ser vivida
o que resulta
que continuaremos a ir quentinhos
cada vez mais juntos
para os empregos e para a vida
a reconhecer-nos pelo cheiro
e por ele podemos morrer de amores.

Lisboa, 21 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira

Eu não quero...

Eu não quero ser mais nada
a não ser a pedra pomes
que deslisa na tua anca.

Lisboa, 20 de Jayneiro de 2014
Carlos Vi

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Decifrar...

Decifrar os hieróglifos
a elipse perversa do teu coração 
minha Pedra da Roseta.

Lisboa, 20 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira

A pedra de cantaria ...

A pedra de cantaria
jaz em silêncio
no seu canto.

Lisboa, 20 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira

Top 5 Friedrich Nietzche Quotes

Puro engano ou excesso de álcool



na noite branca
segues 
o barco sonâmbulo
pelo lençol de água
e deitas-te 
com a lua vermelha
numa cama desfeita
onde dormes 
a sonho solto
és o vagabundo
que sobe 
a escada de luz
o espetro
que habita 
a mansarda
e erras 
no labirinto do sonho
enquanto a ave nocturna
pernoita 
na árvore da insónia
entre as almofada 
esperas 
pelo tempo dos pirilampos
e a confundes 
na madrugada
quando abraças
as cortinas da janela 
ao julgares despi-la
a ela 
na sua branca 
camisa de noite

Lisboa, 20 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira