Caiem pérolas
de espanto
solfeja o colar
sobre os ombros nus
a contar a solidão.
No vidro da janela
escorre
um débil adeus
a flor a pulsar
na tua mão.
Oiço lá fora chove
e cá dentro
sobem as margens
de um rio
sem razão.
No terraço
o tamborilar da chuva
o poema
é um coração
de ritmo hábil.
Chove sobre
o seu silêncio aflito
que dorme
dentro da fome
de gente ao relento.
Foi o seu regresso
inesperado
os cabelos molhados
no teu olhar um dia
são quatro estações.
Lisboa, 28 de Julho de 2013
Carlos Vieira
Imagem de autor desconhecido