sopa de pedra
este perfume de hortelã
no gesto que te derruba
o paladar que o contém
esta textura da carne
um alvo silêncio de pão
na frugalidade da mesa
a única palavra da mãe
arrefecer-nos-á o caldo
e na inutilidade da boca
cura-se o corpo e alma
aflora-se a dor e o nome
em cada colher de sopa
oiço o princípio da fome
Porto de Mós, 10 de Agosto de 2012
Carlos Vieira
Giudici Reynaldo “La sopa dos los pobres” (Venecia)