domingo, 11 de março de 2012
I - Memória de Árvores
Desde há instantes que fiquei quieto
no meio deste Inverno desconhecido
porque se ergueu dentro de mim
aquele pessegueiro
e no seu interior uma arvéola
que me saltava para o olhar
de um ninho de espanto
nesse silêncio de calda branca
que me cobria o tronco e o tempo
antes do frenesim
de pêssegos flamejantes
da memória da água
e do peso da terra
sobre o veludo da pele
já era tarde
sobre o rosa pálido
a arrefecer o corpo
onde escorria o sumo
de morder a fruta
e o pôr-do-sol
Lisboa, 9 de Março de 2012
Carlos Vieira
“Souvenir de Mauve”
Vincent Van
Gogh
sábado, 10 de março de 2012
sexta-feira, 9 de março de 2012
A Rainha
Nomeei-te rainha.
Há maiores do que tu, maiores.
Há mais puras do que tu, mais puras.
Há mais belas do que tu, há mais belas.
Mas tu és a rainha.
...
Quando andas pelas ruas
ninguém te reconhece.
Ninguém vê a tua coroa de cristal, ninguém olha
a passadeira de ouro vermelho
que pisas quando passas,
a passadeira que não existe.
E quando surges
todos os rios se ouvem
no meu corpo,
sinos fazem estremecer o céu,
enche-se o mundo com um hino.
Só tu e eu,
só tu e eu, meu amor,
o ouvimos.
Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda"
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