domingo, 26 de fevereiro de 2012
Baco e Ariadne
Baco e Ariadne
sigo ainda sóbrio
o reflexo do eterno e leve
esplendor das uvas
o exasperar das parras
nuvens de ouro breve
depois das chuvas
harpas suspensas
pueris jogos de criança
reconheço o teu cheiro
o vinho novo a fermentar
deito à terra macia
o sonho de vindima
do teu corpo esguio
um coração esmagado
a ancestral dança do lagar
à volta da prensa
de ti e dos céus
fiquei aturdido
ou fiquei ébrio
daquilo que não bebi
Lisboa, 26 de Fevereiro de 2012
Carlos Vieira
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Evasão - Miguel Torga
Chaves, 6 de Setembro de 1991
EVASÃO
De luz são estas horas clandestinas
E vagabundas,
Roubadas à razão e à lógica dos outros.
O sol ergue-se nelas com fulgor
Dobrado.
Não há sombras no largo descampado
Onde se esconda a alma envergonhada.
Pura, campeia, íntima e liberta,
Contente
Do ensejo gratuito da aventura.
Viver é ser no tempo intemporal.
É nunca, a ser o mesmo, ser igual.
É encontrar quando nada se procura
Miguel Torga, in Diário XVI
Subscrever:
Mensagens (Atom)