terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Depoimento de uma testemunha pouco relevante
Recordo-me de uma luz tímida trémula
naquele suspenso jardim de inverno
e da sobrevivência de um vulto
antes de um fogacho
que foi uma flor pretensiosa e intrépida
que se apagou no estampido
e desapareceu na selva o trote de um órix.
No vento revelou-se um inesperado incêndio
e a minha asma
que se sucedeu sucessivamente,
sem grande precisão
ainda sinto aquele perfume preliminar de horas mansas
uma impaciência da sala de estar
e a brisa da tarde onde sustive a respiração
perante a nua tranquilidade das ameixas roxas.
Podia adivinhar
naquela gente o sorriso cínico
depois soluços de âmbar.
Sobre uma mesa tenho a cristalina memória
da solitária dissidência de um jarro de água
e do seu olho vítreo a observar-nos
sobre um naperon de linho
no início da sede e do pesar.
A essa hora
ainda havia luz no jardim, suspensa
que se ia finando também
afinal talvez uma réstia
da rapariga trémula e tímida
disseram-me que louca
e agora, de facto, mortas
- tenho aquela imagem
de um final -
ela e a pistola mais à frente,
sobre o resto
gostaria de não me pronunciar.
Lisboa, 20 de Fevereiro de 2012
Aguarela pintada por Vassia Alaykova
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Esplendor na Relva
Natalie Wood em "Splendor in the Grass"
Eu sei que deanie loomis não existe
mas entre as mais essa mulher caminhae a sua evolução segue uma linhaque à imaginação pura resiste
A vida passa e em passar consiste
e embora eu não tenha a que tinha
ao começar há pouco esta minhaevocação de deanie quem desiste
na flor que dentro em breve há-de murchar?
(e aquela que no auge a não olhar
que saiba que passou e que jamais
lhe será dado a ver o que ela era)
Mas em deanie prossegue a primavera
e vejo que caminha entre as mais
Ruy Belo
domingo, 19 de fevereiro de 2012
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