quinta-feira, 13 de março de 2014

Peço uma imperial...

Peço uma imperial
e uns tremoços
ali ao balcão
ancorado
sacio o desejo
de espuma
da grandeza
e entre os meus
dedos
ponho a nu
a substância.

Lisboa, 13 de Março de 2014

Carlos Vieira

quarta-feira, 12 de março de 2014

Fico na cela...

Fico na cela
a ver entrar o sol
às fatias
um pardal
pousa a janela
interrompe-me
o seu canto
o recolhimento
o catre
endureceu
de repente

Lisboa, 12 de Março de 2014

Carlos Vieira

as flores...

as flores
vão rodando
por dentro dos relógios
onde as horas vão dar corda
aos nossos corações  e afiar espinhos.

Lisboa, 12 de Março de 2014

Carlos Vieira

Volúvel...

volúvel
a borboleta branca no relvado
verde e inútil
dou asas
à imaginação
e aos teus pés descalços

Lisboa, 12 de Março de 2014

Carlos Vieira

um seixo...

um seixo na minha mão
história guardada de vento e mar
 e do beijo cortante

Lisboa, 12 de Março de 2014

Carlos Vieira 

terça-feira, 11 de março de 2014

Os melros...

Os melros
salpicam os jardins
as flores curvam-se
e agradecem 
respeitosamente
serem poupadas
às mandíbulas
dos insectos

Lisboa, 11 de Março de 2014
Carlos Vieira

Minha mãe...

minha mãe 
manhã clara
podes descansar
teus olhos de açúcar
mascavado
tuas delicadas mãos
na brisa hábil

Lisboa, 11 de Março de 2014
Carlos Vieira