domingo, 10 de junho de 2012
Amores de Verão IX
amei-te na forma breve
do amor eterno
nem os deuses sabem
o que fizemos nas dunas
todas as outras raparigas
eram silêncio e cinzas
os gritos inquietos
das gaivotas brancas
pairavam
a minha boca percorria
em silêncio
a tua pele dourada
a areia escorria
na ampulheta das tuas mãos
o tempo parou
Lisboa, 9 de Junho de 2012
Carlos Vieira
Foto de autor desconhecido
Amores de Verão V
Eras aquela rapariga, um fogo-fátuo na esplanada, uma aurora boreal a incendiar os bosques dos olhares.
Lembro-me tão bem de todos os teus passos, dos teus pés descalços, a pisar o relvado, do teu gesto de ave a mergulhar no lago, isso refresca-me os sentidos, aviva-me a memória.
Dou umas braçadas rápidas até ti e abraço-te nas entrelinhas, nesse lugar de água límpida, nesse rumo de neblina de que são feitos os sonhos.
Lembro-me, como posso eu esquecer do nosso amor fulgurante, tu eras uma sereia de revista cor-de-rosa, eu, um herói com pés de barro. Hoje no princípio do Verão regressaste que bela é a surpresa que se solta dos teus dedos e renasce em mim.
Lisboa, 9 de Junho de 2012
Carlos Vieira
“From Here To Eternity” Deborah Kerr e Burt Lancaster
sábado, 9 de junho de 2012
Amores de Verão IV
tudo isto me deixa um vazio
uma indiferença
nem um músculo se move
nem um sorriso
dentro de mim
nada se comove
estou moribundo
submerso na asfixia
de um meio dia de areia
e da água salgada
só tu emerges meu amor
e vens na minha direcção
enfeitada de limos e algas
só tu me podes levar
da morte para o mundo
Lisboa, 9 de Junho de 2012
Carlos Vieira
“Night
Spectre on the Beach”
Amores de Verão III
as ondas da praia
estão quase a chegar
as crianças brincam à
apanhada
as bandeiras acenam-nos
para nadar
no meio de tanta areia
de tanto sol e tanto mar
só quero estender a toalha
nesta antiga brincadeira
do sol me apanhar
já nada disto me interessa
verdadeiramente
tudo é excessivo
o sol és tu
agora noutro lugar
Lisboa, 9 de Junho de 2012
Carlos Vieira
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