segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Existencialism

Existentialism
WOODY ALLEN: That's quite a lovely Jackson Pollock, isn't it?
GIRL IN MUSEUM: Yes it is.
WOODY ALLEN: What does it say to you?
GIRL IN MUSEUM: It restates the negativeness of the universe, the hideous lonely emptiness of existence, nothingness, the predicament of man forced to live in a barren, godless eternity, like a tiny flame flickering in an immense void, with nothing but waste, horror, and degradation, forming a useless bleak straightjacket in a black absurd cosmos.
WOODY ALLEN: What are you doing Saturday night?
GIRL IN MUSEUM: Committing suicide.
WOODY ALLEN: What about Friday night?
GIRL IN MUSEUM: [leaves silently]
"Play It Again, Sam", Paramount Pictures, 1972;




image of "The Scream," 1893, by Edvard Munch

Douglas Coupland


Os bois...

Os bois
prosseguiam
vagarosamente os dois
sem saber
e sem olhar para trás
rasgavam a terra
e naquela nesga
exponham os vermes
seduziam os pássaros
animavam as sementes
hoje não são mais
que memórias ancestrais
na sua mansa bestialidade
dinossauros do futuro
Lisboa, 25 de Maio de 2016
Carlos Vieira


Lorraine Semesh . Ctyscapes







Lorraine Semesh . Ctyscapes

Teresa Knight The Boat








Teresa Knight -The Boat

Noites de breu à procura III


No princípio
eram os pássaros
de fogo
emboscados
nos misteriosos
interstícios
a latejar
na tua pele
numa ânsia
de vulcão
num secreto
prazer
a fervilhar
armando-me
ciladas
nessa noite
as explosões
e as réplicas
do teu ser inteiro
inventaram
em mim
múltiplas
madrugadas
e tuas unhas
afiadas
a sulcarem
o meu dorso
riscando
caligráficas
as assinaturas
das constelações
em sangue e em luz
foi então
que nos perfumados
promontórios
do teu corpo
saboreei
o sal e o mel
do êxtase
enquanto a lança
incandescente
ía em busca
do coração
e acendia
divina a chama
e depois
do amplexo final
regressaste
àquela solidão
olímpica
e sem sexo
de ternura
asséptica.
Lisboa, 22 de Maio de 2016
Carlos Vieira


Nu Azul III - Henri Matisse

Noites de breu à procura II


Jogamos toda a noite à cabra-cega
na dupla escuridão que habitamos
na câmara escura da nossa dupla solidão
desfiando a teia e a luz ténue e bruxuleante
que nos tolhe e incendeia e vai decompondo
com o ácido da nossa paixão desesperada
os negativos da nossa eterna procura.
Lisboa, 21 de Maio de 2016
Carlos Vieira