Era um homem
nobre
que só levava
a sério a vida
ébrio
um dia
numa noite
em que estava
sóbrio
resolve jogar
à roleta russa
uma bala
desenhou-lhe
na parietal
do crânio
a auréola
de uma flor
vermelha.
Mais tarde
no funeral
da segurança social
do homem nobre
num dia de chuva
perguntaram-lhe
"- Quer despedir-se,
vê-lo uma última vez?"
acenou que não
guardaria do pobre
a imagem
do homem
desconhecido
que sorria,sorria, sorria
sem sentido.
Lisboa, 19 de Abril de 2016
Carlos Vieira