De súbito desafiando o sol de inverno uma cruz verde de asas contra o azul do céu a crocitar numa azáfama tropical um piriquito que não sabe do Sul nem quer saber do Norte busca extenuado a alpista o ar condicionado uma gaiola e um dono.
Este é um poema singelo em pão fresco de trigo sob a toalha de linho branco dourada é a côdea dos versos por vezes feitos do pão que o diabo amassou outras é pão quente saído do forno do olhar da minha mãe a rimar com seu coração de manteiga e de silêncios.
Do amolador oiço o gume da faca de cozinha na pedra de água e o realejo pudesse também um beijo meu afiar no teu coração um renovado desejo desgastar a usura da mágoa e do concerto de varetas resultar voltares de novo para debaixo do guarda chuva da ternura.
Sei de cor os teus olhos
se olho para ti ou por ti
de tanto decantar a cor e a sombra do teu olhar de te cegar de beijos de beber o veneno da convulsão do pranto do suado elixir de alegria cresce a erupção de raiva no teu corpo em arco e a vibrante ereção solta uma flecha do êxtase.