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Noites
de acordar repentinamente
no meio do sono
de me parecer voltar ouvir
essa inebriante melodia
já tão longínqua
dos pesitos pressurosos
de uma das filhas
que vinham esconjurar
fantasmas
aninhadas na minha cama
afinal era uma delas
que agora regressava
a casa
e somos nós
que não dormimos
por causa de fantasmas
de carne e osso
e elas hoje e sempre
as minhas pequenas
desconhecem a política
dos pequenos passos
e nesse vórtice
adolescente
querem dar
passos maiores
que a perna
como nos sonhos.
Lisboa, 1 de Fevereiro de 2016
Carlos Vieira