terça-feira, 17 de novembro de 2015

Poesia dos simples


Invejo
esses poetas
da sobriedade
em silêncio na distância
levam a lua pela mão
tem sempre o mar ali ao pé
e se por acaso a tristeza ou a alegria
lhes invade o coração
subsiste uma fonte inesgotável
de poesia à flor da pele
e uma reserva de amabilidade
inabalável.
Lisboa, 13 de Novembro de 2015
Carlos Vieira

Nunca imaginara...

Nunca
imaginara
como era difícil
beijar-te
em pensamento
e em simultâneo
ter as mãos
nos bolsos
Lisboa, 12 de novembro de 2014
Carlos Vieira

perco-te...

perco-te
nesse mar
aberto
de não saber
amar-te
de navegar
á vista
na espuma
dos dias
sem ousar
Lisboa, 12 de novembro de 2015
Carlos Vieira

olho por ti...

olho por ti
e cego
olho para ti
sem sossego
Lisboa, 12 de novembro de 2015
Carlos Vieira

Sentir-te só


Sopra
o vento na estepe
a neve tudo pode esconder
excepto
os teus cabelos despenteados
o teu rosto afogueado
Iluminado
pela luz bruxuleante
do candeeiro
na tenda apertada
do sem fim
do amor
até a terna memória
do beijo à esquimó
ameniza
um pouco esta Sibéria
esta desesperada
miséria
de te sentir só
Lisboa, 12 de Novembro de 2015
Carlos Vieira

Subtilezas


Uma borboleta
serpenteando
pousou
na janela de guilhotina
o bater frenético
das suas asas
afastou a sua imagem
acalmou-lhe
a pulsação.
Lisboa, 12 de Novembro de 2015
Carlos Vieira

Jogar “à sardinha”


Na ausência
das palavras
pediu-lhe 
para jogarem
“à sardinha”
e naquele ardor
demonstrou
como era ágil
o seu amor.
Lisboa, 12 de Novembro de 2015
Carlos Vieira