Sento-me na esplanada
sinto-me no Inverno
sento-me na praia
as gaivotas andam numa roda viva
o empregado anda em câmara lenta
eu estou em ponto quase morto
há tempestade no mar
e em terra falta-me o ar
enquanto aqui estou sentado
numa destas mesas de plástico
que anunciam refrigerantes
vem uma gaivota confraternizar
temos sempre umas migalhas
de qualquer coisa
para dar
para estas ocasiões
e voou para outra freguesia
repetiu seu canto minimalista
ter-me-á agradecido
e dito que na sua experiência
de espuma e naufrágios
estava farta de tragicomédias.
Lisboa, 18 de Setembro de 2014
Carlos Vieira
Foto retirada do site WWW.tripadvisor.com