quarta-feira, 7 de maio de 2014

No mercado...

no mercado
de cornos no ar
caracóis aos montes
sonham as hastes
das ervas
pelos olivais
pergunto-me
se se alguma vez
se terão apercebido
do perfume
dos oregãos

Lisboa, 7 de Maio de 2014

Carlos Vieira

Foi pela charneca...

foi pela charneca
e saltou para o outro
lado do mundo
do muro
colheu
pequenos molhos
de espargos selvagens
e fechou os olhos
definitivamente

Lisboa, 7 de Maio de 2014

Carlos Vieira

Memória do aroma...

memória do aroma
da salsa e dos coentros
esse princípio da eternidade
nas tuas mãos

Lisboa, 7 de Maio de 2014

Carlos Vieira

os pratos da balança

os pratos da balança
primeiro pesam o tempo
entram depois os frutos 
na dança perante 
a inquietação 
exacerbada 
do ponteiro

Lisboa, 7 de Maio de 2014

Carlos Vieira

Um lençol de frescas

Um lençol de frescas 
folhas verdes
e de corações 
de couve flor,
sob a bancada 
as suas mão brancas,
a pedirem
uma couve portuguesa.

Lisboa, 7 de Maio de 2014

Carlos Vieira

Fui ao mercado

Fui ao mercado
os olhos da vendedora
eram pérolas,
comprei o robalo.

Lisboa, 7 de Maio de 2014

Carlos Vieira

1kg de cereja vermelha

1 kg de cereja vermelha
reluzente
à espera de ser o sol 
do crepúsculo 
entre os teus dentes

Lisboa, 7 de Maio de 2014

Carlos Vieira