Pudesse eu saber
a senha
que me dá acesso
ao teu adormecido
refúgio
que permitisse
evadir-me
desta floresta
onde os animais
me devoram
a sombra
e a ti a luz
te consome.
Pudessem
os meus lábios
contar-te
o que pudemos fazer
na casa da colina
inclinados na bruma
afogueados de pássaros
e de desejo
perigosamente
ignorando que pisamos
os supostamente
inacessíveis
territórios
da eternidade.
Se eu pudesse
despertar-te
e deixar de ser
apenas uma pedra dorida
sem vida
à tua beira
eu seria tão duro
tão sólido
e presente
que tu docemente
murmurarias
no búzio do ouvido:
"- Entra pedra de fogo
pelas minhas entranhas,
entra, para que
daqui para frente
eu possa ser
o vulcão eloquente
que na tua vida
entrou para sempre
em erupção."
Lisboa, 1 de Março de 2014
Carlos Vieira
a senha
que me dá acesso
ao teu adormecido
refúgio
que permitisse
evadir-me
desta floresta
onde os animais
me devoram
a sombra
e a ti a luz
te consome.
Pudessem
os meus lábios
contar-te
o que pudemos fazer
na casa da colina
inclinados na bruma
afogueados de pássaros
e de desejo
perigosamente
ignorando que pisamos
os supostamente
inacessíveis
territórios
da eternidade.
Se eu pudesse
despertar-te
e deixar de ser
apenas uma pedra dorida
sem vida
à tua beira
eu seria tão duro
tão sólido
e presente
que tu docemente
murmurarias
no búzio do ouvido:
"- Entra pedra de fogo
pelas minhas entranhas,
entra, para que
daqui para frente
eu possa ser
o vulcão eloquente
que na tua vida
entrou para sempre
em erupção."
Lisboa, 1 de Março de 2014
Carlos Vieira
"A visita de Vénus a Vulcano" François Boucher