Os jovens soldados foram postos na vitrine,
como quando foram encontrados com tiros na testa,
para ser vistos foram postos na vitrine,
fiéis aos seus últimos gestos,
perfil, arma, joelho, seus últimos gestos,
como quando levaram um tiro, sem saber, na testa
ou entre os ombros espadas mais finas
que o dedo de uma criança em direção à lua.Atrás deles o quartel estava vazio,
cheirando a coturnos, cigarros pisados, janela fechada.
Nas malas de madeira que enchem o quartel,
as alças de ferro ainda balançam,
como as alças de ferro da lua ainda balançam
agora, antes de serem abertas
para se procurar por cartas e fotos envelhecidas
pelo tempo.Os jovens soldados permanecem encerados,
seus rostos e armas, para brilhar,
encerados para brilhar, encerados
e sentados exatamente como no segundo
em que a vida se rompeu e a morte engoliu o segundo.Permanecem assim, brilhando sempre,
e nós os respeitamos como a lua
que se levanta no meio da praça.Para nós que temos a mesma idade que eles,
apesar de estarem há anos na vitrine,
para nós que os capturamos e passamos por eles,
e temos corações que batem, e memória,
memória fresca, fresca demais,
os jovens soldados foram postos na vitrine
imitando uns aos outros,
como se estivessem vivos.
domingo, 12 de janeiro de 2014
baixo-relevo com heróis (Nichita Stănescu)
I know...
“I know it’s tragic to be tender.
I know it’s dangerous to be kind.
I know it’s vicious to care.
Listen to me. I know what’s going to happen to you.
You don’t need a window, you need a fire escape.
You’ll need a skylight to get where you’re going.
I can’t tell you where."
Nicole Blackman
I know it’s dangerous to be kind.
I know it’s vicious to care.
Listen to me. I know what’s going to happen to you.
You don’t need a window, you need a fire escape.
You’ll need a skylight to get where you’re going.
I can’t tell you where."
Nicole Blackman
Silêncio
Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.
Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"
Tradução de Luis Pignatelli
People sometimes...
• People sometimes ask me about all of the science in my work, thinking it odd that I should wish to combine science and art, and assuming that I must have some inner pledge or outer maxim I follow. But the hardest job for me is trying to keep science out of my writing. We live in a world where amino acids, viruses, airfoils, and such are common ingredients in our daily sense of Nature. Not to write about Nature in its widest sense, because quasars or corpuscles are not "the proper realm of poetry," as a critic once said to me, is not only irresponsible and philistine, it bankrupts the experience of living, it ignores much of life's fascination and variety.
O cacto III
Naquela hora, em que esteve
contigo
a lua surpreendeu-o, no entanto, para
seres dama-da-noite
só a lua o permite.
Lisboa, 12 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira
"Dama-da-noite, flor-da-lua ou cacto-orquídea são os nomes populares
de algumas plantas de floração noturna da família das cactáceas, entre elas as
espécies Selenicereus sp., Hylocereus undatus e a Epiphyllum oxypetalum"
Floração
peculiar da dama-da-noite, uma espécie de cacto, os seus botões desabrocham nos
meses finais do Verão, mas cada flor permanece apenas aberta por uma noite.
O cacto II
Os cactos crescem no deserto
e na varanda, na sua alma
a voz acerada dos espinhos.
Lisboa, 12 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira
O cacto I
O cacto é uma planta
que tem mais espinhos que flores
como algumas metáforas não tem cheiro.
Lisboa, 12 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira
Subscrever:
Mensagens (Atom)