sábado, 11 de janeiro de 2014
Papagaio do amor
Foi para ti
que recortei
este losango de papel
arquitectei a audácia
do objecto inolvidável
de arame e cordel
para sobrevoar
a planície do amor
no lugar longínquo
preso por um fio
à suavidade
das tuas mãos.
Lisboa, 11 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira
Leio por desfastio
Leio por desfastio
enquanto te espero
- em vão -
no velho bar
Os bancos vermelhos
já não cheiram à nossa ânsia
e tu não chegas
Viro a página
ouço uma voz em fundo
que desejo a tua
e nem uma palavra fala de ti
neste romance de cordel
Delia Brown
- em vão -
no velho bar
Os bancos vermelhos
já não cheiram à nossa ânsia
e tu não chegas
Viro a página
ouço uma voz em fundo
que desejo a tua
e nem uma palavra fala de ti
neste romance de cordel
Delia Brown
Os sonhos do Eixo Norte-Sul
Neste itinerário
do eixo Norte-Sul
suburbano e solitário
entre a casa e o trabalho.
Apanho o tráfego
no sentido contrário
perco-me num atalho
há hora de ponta
dos sonhos
com emprego.
Lisboa, 11 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira
Aves haiku LXXIV
Houve um passarinho aflito
que me contou que estavas empoleirada à janela
cinco andares acima da minha.
Lisboa, 11 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira
Manifestação em Banguecoque
Manifestação em Banguecoque
Às botas cardadas
do exército,
em Banguecoque,
um protesto
soçobrou.
O gaz lacrimógéneo
cumpriu a sua função,
há sempre
uma primeira vez
para "verter lágrimas".
Qualquer manifestação
contém quase sempre,
algo de irracional,
mesmo se a favor
da democracia.
Mesmo,
quando são uma lufada de ar
contra a resignação,
sobram os problemas
dos aproveitamentos.
Por vezes,
existe esse problema,
dos repórteres fotográficos,
dos jornalistas
que se metem
onde não chamados,
todavia existem os acidentes
e os danos colaterais.
Ainda bem que aconteceu
em Banguecoque,
nesses países
tudo pode acontecer,
nessa ditadura
da distância.
Lisboa, 11 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira
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