Deve-se estar sempre bêbado. É a única questão. A fim de não se sentir o fardo horrível do tempo, que parte tuas espáduas e te dobra sobre a terra.
É preciso te embriagares sem trégua. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude? A teu gosto, mas embriaga-te.
E se alguma vez sobre os degraus de um palácio, sobre a verde relva de uma vala, na sombria solidão de teu quarto, tu te encontrares com a embriaguez já minorada ou finda,
peça ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo aquilo que gira, a tudo aquilo que voa, a tudo aquilo que canta, a tudo aquilo que fala, a tudo aquilo que geme.
Pergunte que horas são. E o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio, te responderão. É hora de se embriagar!!!
Para não ser como os escravos martirizados pelo tempo, embriaga-te. Embriaga-te sem cessar. De vinho, de poesia ou de virtude. A teu gosto.
Admito que me acalma com o olhar de terra firme domar o mar feroz a salpicar o céu cortar onda a onda furar as nuvens ainda que chegue a nado exausto ao sonho que paira e se desfaz em espuma em sal sem partir chegamos num grande voo astral dentro e fora de nós ao grande domínio parabólico do nada.