Não te via chorar há anos e nem um jardim, como cenário, tornou o acto menos doloroso de assistir. Sei que é difícil fazeres o caminho de volta. Desapareceu, como a casa, levado pelos ares do desgosto.
Descansa, um dia poderemos falar sobre quase tudo, menos da vida que escolhemos ter.
Estranho nada saber, nunca ter a certeza Do que é verdadeiro, certo ou real, Forçado então a dizer pelo menos é o que sinto Ou Bom, é o que parece: Alguém deve saber.
Estranho ignorar o modo como as coisas funcionam: A sua capacidade de encontrar o que necessitam, O seu sentido de forma, e o espalhar da semente preciso, E a sua vontade de mudar; Sim, é estranho,
Trazer vestido até tal conhecimento – pois a nossa carne Cerca-nos com as suas próprias decisões – E ainda assim gastar a vida em imprecisões, Tanto que quando começamos a morrer Nem fazemos a ideia do porquê. Philip Larkin tradução de Pedro Silva Sena
Philip Porque nós não sabemos, pois não? Toda a gente sabe. O que faz as coisas acontecerem da maneira que acontecem? O que está subjacente á anarquia da sequência dos acontecimentos, às incertezas, às contrariedades, à desunião, às irregularidades chocantes que definem os assuntos humanos?Ninguém sabe, professora Roux. «Toda a gente sabe» é a invocação do lugar-comum e o inimigo da banalização da experiência, e o que se torna tão insuportável é a solenidade e a noção da autoridade que as pessoas sentem quando exprimem o lugar-comum. O que nós sabemos é que, de um modo que não tem nada de lugar-comum, ninguém sabe coisa nenhuma. Nãopodemos saber nada. Mesmo as coisas que sabemos, não as sabemos. Intenção? Motivo? Consequência? Significado? É espantosa a quantidade de coisas que não sabemos. E mais espantoso ainda é o que passa por saber.