O itinerário serpenteante
de permeio a doçura das bétulas
emoldura teu rosto molhado
fixas a tristeza ferrugenta do arado
impávido perante a nossa pressa
e a incerteza das colheitas
adivinham-se a urgência dos gestos
insinuava-se no horizonte rural
o fulgor dos teu peito intransigente
o fumo das chaminés desvanece
no esplendor dos teus ombros
despeste-te tão lentamente
num tempo em que só acontece
a palavra espontânea de desejo
amordaçada e o olhar helicoidal
por cima do cinismo dos homens
e a inveja dos deuses desafiando
amavamo-nos ao ritmo da chuva
inclemente e torrencial.
Lisboa, 26 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
What The Rain Brought by Mag3llan