Incidente
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Ave haiku XLIII
Seu rosto no espelho tolda-se ou este embacia,
acende a luz, senta-se à mesa farta, serve-se do vazio
e enterra a cabeça na areia como a avestruz.
Lisboa, 25 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
Ave haiku XLII
Na esteira de um cisne
seguiu meu olhar escravo da beleza
e calou-se derradeiro o canto.
Lisboa, 25 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
Ave haiku XLI
Do pátio o peru
observa-me glugluglu na varanda
eu glugluglu hipnotizado pela lua cheia.
Lisboa, 25 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
Ave haiku XL
No salgueiro vibra o canto do rouxinol,
na perigosa curva do rio,
os automóveis vão mais devagar.
Lisboa, 25 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
Ave haiku XXXVIX
Pavões passeando sobre a relva do parque
abrem o esplendor da sua cauda em leque
cabeças coroadas com banco de jardim por reino.
Lisboa, 25 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
Ave haiku XXXVIII
Um pombo vespertino na janela manuelina,
arrulhando madrigal,
faz a corte, arrasta a asa, em renovado ritual.
Lisboa, 25 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Ave haiku XXXVII
Colibri ou beija-flor
razão mínima de pássaro breve
invocando precário odor.
Lisboa, 24 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
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