segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Ave haiku XXX





Ao fim do dia no cesto de vime do almoço
o meu pai trazia-me o pássaro destemido
ou faminto a quem "ofereceu" migalhas.

Lisboa, 23 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira



Ave haiku XXVIX



Um pássaro no balouço da gaiola,
outro abre as asas no poema,
a mesma obsessão pela liberdade.

Lisboa, 23 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku XXVIII




Armei a rede
no bebedouro
fui capturado na minha sede.

Lisboa, 23 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira



Ave haiku XXVII



Os pardais de telhado caíam pela chaminé,
eu abria a porta da cozinha
e libertava os pássaros pensando que fugiam.

Lisboa, 23 de Dezembro de 2013

Carlos Vieira

Ave haiku XXVI



A ave entrou atónita pela janela aberta
pousou na árvore de Natal que reconheceu
e pendurada no bico levou a mais cintilante estrela.

Lisboa, 23 de Dezembro de 2013

Carlos Vieira

Ave haiku XXV



Os melros esvoaçaram à minha frente
por toda a minha infância
e fariam figas nas minhas costas.

Líbano, 23 de Dezembro de 2013


Carlos Vieira

Ave haiku XXIV

Ave haiku

No outro século, fui com o meu tio-avô  caçar papa-figos,
nós e a sua velha passareira de carregar pela boca.
Sem dentes, eram os únicos frutos ou pássaros que comia.

Lisboa, 23 de Dezembro de 2013

Carlos Vieira