Incidente
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Ave haiku XXV
Os melros esvoaçaram à minha frente
por toda a minha infância
e fariam figas nas minhas costas.
Líbano, 23 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
Ave haiku XXIV
Ave haiku
No outro século, fui com o meu tio-avô caçar papa-figos,
nós e a sua velha passareira de carregar pela boca.
Sem dentes, eram os únicos frutos ou pássaros que comia.
Lisboa, 23 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
Ave haiku XXIII
Em silêncio uma rola brava
conta as agulhas do pinheiro,
seria mais fácil contar as pinhas!
Lisboa, 23 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
Ave haiku XXII
No pântano acesos, os pequenos fogos dos flamingos
passeiam a sua elegância, a sua aparente indiferença,
nos seus 360° de visão, olham para tudo, para todos.
Lisboa, 23 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
domingo, 22 de dezembro de 2013
Ave haiku XXI
o til é uma ave
que subtil paira sobre a vogal,
sobre a palavra, o discurso e a cidade
Lisboa, 22 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
Ave haiku XX
Vou pelos campos de árvores nuas
e lâminas de vento, a memória do calor dos pássaros,
no abrigo da minha mão é a única humanidade.
Lisboa, 22 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
Ave haiku XIX
Três piriquitos verdes de cauda longa
Sobrevoam a quinta cor de rosa e pousados na prata da faia
Contam como fugiram da história.
Lisboa, 22 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira
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