Já há alguns dias que vivo nas margens deste rio
No prodígio da nascente que cresce dentro de mim
O que me leva sempre para os lugares da infância?
Cerca-me esta existência de pântano e de sossego
Esta identidade civil de visco do medo e do vazio
Escrever com orvalho um tempo de horta e de jardim
Percorrer aí, de lés a lés a madrugada, a subtil distância
na noite e neblina onde resisto e viajo na luz e fico cego.
Lisboa, 16 de Março de 2013
Carlos Vieira