ser bravo
neste tempo manso
ter a coragem de ser breve
ser trevo breve
e a sorte de rever-te
na última vez do campo imenso
ser bravo
mesmo se não vence
ser a trova no teu corpo sulco intenso
seres demais em tudo aquilo que faço
mesmo quando
em ti não penso
ser o criador do espaço
e empunhar a lâmina
de uma distância que em ti não venço
ser quem sabe
o que criou para ti o laço
e na tua mão um esquecido lenço
ter de ser tão bravo e breve
nesse imenso
abraço da tua sede
ser também o vento
que te leve
e que invento para te trazer de volta
não ser nada sem ti
ponta solta ou quase nada
é tudo o que me resta
ser o perfume
da tua ausência e da tua festa
na madrugada
ser o lume
e a paixão fugaz
e inocência reencontrada
ser o diabo que te carregue
e a mim
que me não deixe atrás.
Lisboa, 5 de Fevereiro de 2013
Carlos Vieira