"A rapidez que as pessoas imprimem às suas vidas faz com que simplifiquem a realidade e fabriquem o que se chama a «personalidade do momento». Sobretudo nos políticos e homens à escala governativa, isso exprime-se por manifestações impulsivas, peculiares a cada hora, vinculadas às situações proteiformes."
Agustina Bessa Luís
sexta-feira, 25 de maio de 2012
A vida de passagem
Conta-se que no século passado, um turista americano foi ...à cidade do Cairo, no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio.
O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.
- Onde estão seus móveis? - perguntou o turista .E o sábio, bem depressa, perguntou também:
- E onde estão ...os seus...?
- Os meus?! surpreendeu-se o turista.- Mas eu estou aqui só de passagem!
- Eu também... - concluiu o sábio.
"A VIDA NA TERRA É SOMENTE UMA PASSAGEM... NO ENTANTO, ALGUNS VIVEM COMO SE FOSSEM FICAR AQUI ETERNAMENTE, E ESQUECEM DE SER FELIZ."
O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis'.
(FERNANDO PESSOA)
O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.
- Onde estão seus móveis? - perguntou o turista .E o sábio, bem depressa, perguntou também:
- E onde estão ...os seus...?
- Os meus?! surpreendeu-se o turista.- Mas eu estou aqui só de passagem!
- Eu também... - concluiu o sábio.
"A VIDA NA TERRA É SOMENTE UMA PASSAGEM... NO ENTANTO, ALGUNS VIVEM COMO SE FOSSEM FICAR AQUI ETERNAMENTE, E ESQUECEM DE SER FELIZ."
O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis'.
(FERNANDO PESSOA)
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Oximóron
sóbria
quase nua
porque despida
de quase tudo
mulher da vida
quase morte
ávida
Lisboa, 24 de Maio de 2012
Carlos Vieira
“Elegant Corrosion” Winterbottom
quarta-feira, 23 de maio de 2012
terça-feira, 22 de maio de 2012
lapidação
flores secas à tua volta prostradas
sob a pedra da primavera da vida
estou sentado no murmúrio da raiva
e tu cresces nos espinhos e das ervas
tão quieta derrotas a terra dura
depois de apedrejada dormiste
debaixo do frio e da pedra macia
e triste por minha mão cega atirada
na tua morte hoje és a ave lapidar
e o seu canto o bater do coração
onde te ouço de novo sem perdão
o mais puro beijo das cerejas exultar
Lisboa, 22 de Maio de 2012
Carlos Vieira
“stoning woman”
segunda-feira, 21 de maio de 2012
domingo, 20 de maio de 2012
Amor de Verão
Tão leve, no fim da noite subtil onde te encontrava por acaso, conseguia ler nos teus lábios o início da madrugada, entre conchas e grãos de areia, sorrias como se fosses inacessível e continuavas a pedalar nessa bicicleta que tinha arrumado na memória, junto dessa gaivota em que te desvendava a raspar as dunas da véspera
Hábil era teu gesto tranquilo que erguia o astro lúbrico e provocava outro solstício, na destreza de dedilhar os minutos, depois de teres dormido com o tempo.
Naquele banco de madeira em frente ao mar, tu eras muito mais calma e experiente que a palmeira secular. Da tinta lascada eu desviava os barcos que se dirigiam a ti e desprendia o teu rosto das redes de pesca.
As ondas, na altura, caiam logo ali tímidas, aguardando um deslize dos teus pés macios no gume dos seixos.
Lembro-me que um dia a chover desesperadamente na praia do passado, também chovia na esplanada quase deserta, tu estavas de pé, bem presente, molhada, tu estavas de costas, o mar cinzento estava em frente, espiava-nos a todos, tu a escorrer desafiava-lo, ostensivamente.
Chegou um navio cruzeiro e o mar escondeu-se nas falésias, alguém mandou observar-nos por uma escotilha a estibordo, tentando perceber a fundo, a razão da nossa distância. Tu sabias que o maior perigo podia advir daqueles que se mantém distantes, sem razão aparente.
Depois vieste à noite, eu descortinava-te nesse engano das luzes, na forma como a aprisionavas, na ternura de filigrana das tuas mãos.
Nesse tempo fazias os navios enlouquecer, que se perdiam na solidão dos rochedos, nesta história que recordo tu eras apenas minha, o meu farol e a minha âncora.
Por vezes, voava nas tuas mãos pelo pinhal, ficava colado ao doce perfume da resina do teu tronco, os teus beijos afogueados e as exclamações selvagens e incompreensíveis do teu gozo, afoguentavam todos os animais e deixávamos moldado na areia, a tempestade dos frenéticos movimentos de um amor precário, a seguir devorámos camarinhas.
Antes disso tentei perceber, descolar suavemente todas aquelas camadas de memórias de anos de praia, limpá-las cirurgicamente, tentar compreender, as nossas primeiras palavras. Finalmente, percebi tardiamente que as primeiras palavras eram os nossos olhares.
No meu coração ousei, o primeiro gesto de Setembro, eu temia-te breve, o teu último gesto de amor foi o teu adeus que entendi como um abraço sem fim.
Lisboa, 20 de Maio de 2012
Carlos Vieira
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