quinta-feira, 26 de abril de 2012
quarta-feira, 25 de abril de 2012
revolução tranquila
“The house was quiet and
the world was calm.
The reader became the
book; and summer night”
Wallace Stevens
pétala
grito coado de seiva onde se tece
o pensamento da luz e do silêncio
e o primeiro canto livre dos espinhos
de coragem
sílaba
nos lábios de veludo onde renasce
a escola da ternura e o espanto da porta aberta
o azul é apenas o mar à volta das palavras
de viagem
perfume
das manhãs sobre o tronco da liberdade
que desperta e nos abraça desajeitada
e na sua timidez ainda seduz os pássaros
de passagem
lâmina
que te corta as cordas em que corre
agora o sangue
dos teus pulsos e se reinventa nessa
flor caída
no chão da história onde germinam tranças
de sonho
de miragem
lágrima
página de água que se solta do cárcere
da carne
véspera de dor que vence a vasta solidão
do areal do tempo
e nas conchas das tuas mãos se
oferece em sede de perdão
e de paisagem
cópula
onde cada átomo é o testemunho de puro
prazer
em cada um se aprende que somos o vento
e o céu e a vergonha
e cada gesto mais penetrante do
amor que buscamos nos encontra
mais selvagem
pétala ou sílaba
de perfume e lágrima
lâmina da cópula
onde chora
onde cheira
onde sangra
a revolução tranquila
Lisboa, 25 de Abril de 2012
Carlos Vieira
“ Farmer
Sitting at the Fireside, Reading” de Van Gogh
domingo, 22 de abril de 2012
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