terça-feira, 27 de março de 2012
segunda-feira, 26 de março de 2012
Ossos do ofício
Vértebra
inesperada paisagem
mínima
encontro fortuito
amostra
fractura exposta
de lava
verdade porfiada
golpe
de crime violento
cirúrgico
osso desumano
no gesto
sinal de espanto
raiz
seca de carnes
restos
do cemitério do céu
abandonados
por um cão rafeiro
a chave
e um vestígio
contaminado
o parafuso
de insólita solidão
percurso
ou despojo de
bruxaria
é dedo
acusador ou pesadelo
de vala comum
antepassado perdido
na indiferença
último refúgio de
poeta
o arco
do camponês dobrado
salta
menino maltratado
no instante
alegre da mulher
jovem
a fruta caída
da nespereira que
treme
à sombra
do peregrino que
adormece
única
vértebra que
resplandece
vertical
flauta que não se
curva
à melodia
seta de osso que não
esquece
a fragrância
a medalha que se
agita
no pescoço
onde se elevam
sufocados e aflitos
e ancestrais
os gritos lancinantes
por terra
os fragmentos de deuses
que conheci e acordaram
mortais.
Lisboa, 26 de Março de 2012
Carlos Vieira
Imagem da Internet de uma “Vértebra”
domingo, 25 de março de 2012
sábado, 24 de março de 2012
Efémero
Ainda brilha a foice verde do teu olhar
na penumbra da cortina
da minha timidez
a tua voz corria entre os seixos devagar
inundava-me cristalina
a tua nudez
tuas mãos nas minhas mãos de par em par
erguiam na luz matutina
voos de avidez
lembro-me dos teus ombros e do luar
sob o lençol a carne vespertina
de se extinguir a palidez
oiço o rumor dos teus lábios ao despertar
o perfume da minha flor infinita
e a inevitável insensatez
insinuaste-te ou pareceu-me ouvir-te respirar
de súbito neste ínterim da escrita
ou ficaste quieta no talvez
como sempre
Lisboa, 24 de Março de 2012
Carlos Vieira
Carlos Vieira
“Girl Reading
a lettter at an open window” Vermeer
sexta-feira, 23 de março de 2012
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