sábado, 18 de fevereiro de 2012
Le Vin des Amants - Baudelaire
LE VIN DES
AMANTS
Aujourd'hui l'espace est splendide!
Sans mors, sans éperons, sans bride,
Partons à cheval sur le vin
Pour un ciel féerique et divin!
Comme deux anges que torture
Une implacable calenture,
Dans le bleu cristal du matin
Suivons le mirage lointain!
Mollement balancés sur l'aile
Du tourbillon intelligent,
Dans un délire parallèle,
Ma soeur, côte à côte nageant,
Nous fuirons sans repos ni trêves
Vers le paradis de mes rêves!
Charles Baudelaire
O VINHO DOS AMANTES
Está esplêndido o espaço, hoje!
Sem freios, esporas ou rédeas,
Partamos a cavalo no vinho
Para um céu feérico e divino!
Como dois anjos a quem tortura
Uma implacável insolação,
No cristal azul da manhã
Sigamos a longínqua miragem!
Aujourd'hui l'espace est splendide!
Sans mors, sans éperons, sans bride,
Partons à cheval sur le vin
Pour un ciel féerique et divin!
Comme deux anges que torture
Une implacable calenture,
Dans le bleu cristal du matin
Suivons le mirage lointain!
Mollement balancés sur l'aile
Du tourbillon intelligent,
Dans un délire parallèle,
Ma soeur, côte à côte nageant,
Nous fuirons sans repos ni trêves
Vers le paradis de mes rêves!
Charles Baudelaire
O VINHO DOS AMANTES
Está esplêndido o espaço, hoje!
Sem freios, esporas ou rédeas,
Partamos a cavalo no vinho
Para um céu feérico e divino!
Como dois anjos a quem tortura
Uma implacável insolação,
No cristal azul da manhã
Sigamos a longínqua miragem!
Baloiçando docemente sobre a
asa
Do turbilhão inteligente,
Num delírio idêntico,
Minha irmã, nadando lado a lado,
Fugiremos sem pausa nem descanso
Para o paraíso de meus sonhos!
Do turbilhão inteligente,
Num delírio idêntico,
Minha irmã, nadando lado a lado,
Fugiremos sem pausa nem descanso
Para o paraíso de meus sonhos!
Cinco Natais de Guerra - 1947
Cinco Natais de Guerra
1947
Mécia
Não é já de Natal esta poesia.
E, se a teus pés deponho algo que encerra
e não algo que cria,
é porque em ti confio: como a terra,
1947
Mécia
Não é já de Natal esta poesia.
E, se a teus pés deponho algo que encerra
e não algo que cria,
é porque em ti confio: como a terra,
por sobre ti os anos passarão,
a mesma serás sempre, e o coração,
como esse interior da terra nunca visto,
a primavera eterna de que existo,
o reflorir de sempre, o dia a dia,
o novo tempo e os outros que hão-de vir.
Jorge de Sena, Poesia-I
José Rodrigues Miguéis, Léah
José Rodrigues Miguéis, Léah, porque é indecente o esquecimento a que foi votado e o seu afastamento dos manuais escolares, aquei deixo um pequeno trecho.
"Anoitecia cedo, e eu sufocava de tristeza e nostalgia. Ainda não tinha tido tempo de fazer amizades, os meus trabalhos de laboratório estavam indecisos, e em vão tentava interessar-me pela gente com quem, ocasionalmente, entrava em contacto. Saía de manhã, sem sol, e reentrava ao prematuro entardecer. Tinha levado anos a ...sonhar com a independência, que nunca usufruíra, a meu gosto, e agora, senhor de mim, sentia-me de repente incapaz de usar dela. O "estrangeiro" desiludia-me nos primeiros contactos, e eu retraía-me. A verdade, não tardaria a sabê-lo, é que a liberdade pessoal e o sossego se pagam em silêncio, tributo o mais pesado. Por contraditório que pareça, só a presença de outros seres humanos acorda em nós as reacções que nos forçam a pensar, a mobilizar os conhecimentos, e a agir. Isto explica como é que eu nunca consegui viver sozinho nem longe - duas coisas que desejava ardentemente. E também nunca fui feliz na companhia de niguém, nem tornei felizes senão aqueles que, de mim, só conhecem as aparências. Mas esta dialéctica da misantropia (ou timidez) não será demasiado especiosa para ti, Léah?"
"Anoitecia cedo, e eu sufocava de tristeza e nostalgia. Ainda não tinha tido tempo de fazer amizades, os meus trabalhos de laboratório estavam indecisos, e em vão tentava interessar-me pela gente com quem, ocasionalmente, entrava em contacto. Saía de manhã, sem sol, e reentrava ao prematuro entardecer. Tinha levado anos a ...sonhar com a independência, que nunca usufruíra, a meu gosto, e agora, senhor de mim, sentia-me de repente incapaz de usar dela. O "estrangeiro" desiludia-me nos primeiros contactos, e eu retraía-me. A verdade, não tardaria a sabê-lo, é que a liberdade pessoal e o sossego se pagam em silêncio, tributo o mais pesado. Por contraditório que pareça, só a presença de outros seres humanos acorda em nós as reacções que nos forçam a pensar, a mobilizar os conhecimentos, e a agir. Isto explica como é que eu nunca consegui viver sozinho nem longe - duas coisas que desejava ardentemente. E também nunca fui feliz na companhia de niguém, nem tornei felizes senão aqueles que, de mim, só conhecem as aparências. Mas esta dialéctica da misantropia (ou timidez) não será demasiado especiosa para ti, Léah?"
Subscrever:
Mensagens (Atom)