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domingo, 29 de dezembro de 2013

Ave haiku LXV



Por vezes, apanho um punhado de palavras
e sem cuidar da terra e da estação atiro-as 
eu sou um espanta pardais que fica por ali.

Lisboa, 29 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku LXIV




Um bando de aves migratórias
escondeu o sol
os ornitólogos contaram cerca de 120 mil.

Lisboa, 29 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku LXIII



Os pardais olham-se 
no charco de água límpida, bebem a sua imagem
e saiem com um banho de lama.

Lisboa, 29 de Dezembro de 2013


Carlos Vieira

Ave haiku LXII



No vermelho fogo do crepúsculo africano,
sobre o dorso do búfalo, pousa um anjo 
de bico amarelo que devora parasitas.

Lisboa, 29 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku LXI



O falcão mergulhou 
no abismo, não teve dificuldade 
em escolher a presa.

Lisboa, 29 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

sábado, 28 de dezembro de 2013

Ave haiku LX



Vou a correr para dentro da noite
todo o conhecimento me abandona
só se pode voar se apenas a solidão nos acompanha.

Lisboa, 28 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku LVIX



Lá fora na noite gélida 
daqui até à orla da floresta apenas a silhueta
de uma ave noturna traída pela lua cheia.

Lisboa, 28 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku LVIII




Falta-me o voo excêntrico das aves
e o "looping" do teu corpo nu a escorregar 
das nuvens para os meus braços.

Lisboa, 28 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Ave haiku LVII



Raios e agora 
que deixei partir todos os pássaros 
que me habitavam?

Lisboa, 27 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku LVI




O papagaio verde à varanda,
no poleiro, vendo a vida lá fora 
ficou de bico aberto, perdeu a fala.

Lisboa, 27 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku LV



Deixava-me levar pela mão do tratador,
nesse tempo a poesia era as aves conhecerem meu nome 
e a impressão da cor, da textura e do odor das sementes.

Lisboa, 27 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku LIV



Na câmara escura do imaginário sobrevive
um pato real que regressa da eternidade 
rompe o nevoeiro e sobrevoa o sapal.

Lisboa, 27 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku LIII



Lembro-me como se fosse hoje, tinha cinco anos, 
a espreitar pelo buraco da fechadura do portão do zoo
a imagem da primeira avestruz curiosa e altiva.

Lisboa, 27 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Ave haiku LII

 

O milhafre paira em círculos
o pequeno roedor arrisca a fuga
em linha reta.

Lisboa, 26 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku LI



Nos teus lábios pousou
um beijo e voou voou voou
sem ver sítio para pousar.

Lisboa, 26 de Dezembro de 2013
Carlis Vieira

Ave haiku L



Vou pelo baldio abandonado
à casa em ruínas
sobrevive o canto da cotovia.

Lisboa, 26 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku XLIX



Naquela nesga de sol
em perigo apenas a pequena ave
em aceso equilíbrio no fio de alta tensão.

Lisboa, 26 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira



Ave haiku XLVIII



Procurei o bosque para reflexão
acercou-se afoito um passarito, insensível à temeridade
e ao afecto, disse-lhe "- Agora não, agora não!"

Lisboa, 26 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku XLVII



Recordo-me da águia de bonelli,
aos sete anos de idade sabia da nidificação, da plumagem,
que o sonho era ver mais longe e nâo estava em vias de extinção.

Lisboa, 26 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira

Ave haiku XLVI



O silêncio 
esse pássaro que é canto
e asas e mágoa a crescer dentro de nós.

Lisboa, 26 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira