sábado, 18 de julho de 2015

Renascimento


Não nasci ontem
sendo certo
que sempre me sinto
voltado ao contrário
na placenta da noite
no cerco da insónia
e todos os dias
a madrugada me corta
o cordão umbilical
dos sonhos
a lição da história
e me entrega
inapelavelmente
à fria manhã da realidade
todos os dias
renascendo
nos erguemos
sobre os meus
e os teus escombros
todos os dias
hei-de coar
da suavidade
dos tecidos
a luz emergente
do seu rosto
que por milagre
se anuncia
rasgando o véu
da memória
que te encerrava
nessa noite
longínqua.

Lisboa, 17 de Julho de 2015
Carlos Vieira



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