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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Não há vergonha em esquecer à noite...


(...) Não há vergonha em esquecer à noite aquilo que lembrarmos de manhã. A noite é o momento do esquecimento, da confusão, do desejo tão quente que se torna vapor! A manhã, porém, apanha-o como uma grande nuvem acima do leito. Seria estúpido não prever à noite a chuva da manhã. Se, por hipótese, me dissesses que não tens nenhum desejo a exprimir, por cansaço ou por esquecimento, ou por excesso de desejo, que leva ao esquecimento, por hipótese de retorno, dir-te-ia que não te cansasses mais, tomasses o de qualquer outro. O desejo furta-se, mas não se inventa (...) e um desejo toma-se mais facilmente que um hábito.



Bernard-Marie Koltès: Na solidão dos campos de algodão