segunda-feira, 28 de julho de 2014

Dias de bruma I



cai sobre a tua ausência e a terra a chuva impenitente
dos pássaros que cantam indiferentes não identifico nem um
sobrevivo em suspenso do aroma das árvores, flores e frutos 
e na breve abóbada do teu silêncio
enquanto isso desaparecem a estrada, as casas,os rostos, as palavras
como se fosse possível o êxodo desta ilha
apenas a bruma e algures a presença dos abismos
no caos em que por vezes nos cercam os sentidos 
por ti fiquei cego e a tactear pressinto que o vazio 
pode ser uma espécie de morte
contudo resta-me a coragem ou a lucidez 
de saber que algures está pousada a tua mão meu amor
e que por esse caminho de espinhos e emboscadas 
resiste a esperança de passar incólume 
por esse istmo que apela à força da natureza 
ou à frágil subtileza do coração


Santa Rita, 28 de Julho de 2014

Carlos Vieira

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