terça-feira, 30 de abril de 2013

Herbário IV - Era uma vez


Hera hera
Hera hera hera
Muro muro muro muro
Hera muro hera muro hera

Era uma vez na janela
agora deserta 
o ágil e ardente amor
de Julieta e  de Romeu
pela noite fora.

Hera hera
Hera hera hera
Muro muro muro muro
Hera muro hera muro hera

Era o madrigal
de amor antigo
agora no altar vazio de um Deus
que não sendo para ali chamado
cedo se foi embora.
Hera hera
Hera hera hera
Muro muro muro muro
Hera muro hera muro hera

Cresceu cego e sôfrego
esse amor imortal
que a raíz das pedras
ainda chora
sem razão a toda a hora.

Hera hera
Hera hera hera
Muro muro muro muro
Hera muro hera muro hera

Era uma vez
as armadilhas do coração
as heras e os muros
o veneno letal
o amor de agora e o antigo
que o verdete devora
esse punhal do tempo.
.


Lisboa, 30 de Abril de 2013

Carlos Vieira
 

                                                         Varanda da Casa da Família Capuleto, em Verona

Sem comentários:

Enviar um comentário