sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Poema para três nespereiras de todos os dias


Despir
com os dentes
tão brancos
a película
e a penugem
morder
a carne tão doce
e amarela
das nêsperas
sair à rua
escutando
o esturgir
ao pisar a nervura
das folhas secas
sucumbir
ao perfume
das nêsperas
cuspir
o carôço
redondo
húmido
de sumo
e de saliva
sobre a terra
e esperar
que dê
novas nêsperas
ao mundo
gosto
das deixar ficar
e de deixar-me ir
e no outro dia
elas estão
à minha espera
mais eloquentes
na Primavera.
Lisboa, 20 de Abril de 2016
Carlos Vieira


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