domingo, 12 de janeiro de 2014

Ao rubro



Senta-se à lareira, olha fixamente o fogo
que o consome vorazmente.

As labaredas lambem
os seus medíocres pensamentos
a sua política de terra queimada.

Por causa dos seus frágeis sentimentos
e a propósito de deuses foi colocado no Índex
do politicamente incorrecto
arde já no fogo eterno por a todos adorar.

Os seus olhos soltam agora faúlhas
pedras vivas
e tudo incendeia com o olhar.

Na sua boca as palavras
arrefecem a vida de uma qualquer Pompeia,
são uma torrente de lava que nos submerge.

A poesia é o fogo de artifício
num céu onde se imola.

Oferece-se ao sacrifício quotidiano 
de manter aceso o lume que lhe resta da sua vida, 
feita inferno,
incinerado vivo.

E acende o archote, 
o fogo fátuo da poesia
com a única pretensão, de alumiando, 
ser guia 
que o ajude no fogo cruzado 
da solidão.

Lisboa, 12 de Janeiro de 2014
Carlos Vieira

Sem comentários:

Enviar um comentário