quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Da precipitação do amor


O itinerário serpenteante
de permeio a doçura das bétulas
emoldura teu rosto molhado
fixas a tristeza ferrugenta do arado
impávido perante a nossa pressa 
e a incerteza das colheitas
adivinham-se a urgência dos gestos 
insinuava-se no horizonte rural
o fulgor dos teu peito intransigente
o fumo das chaminés desvanece
no esplendor dos teus ombros
despeste-te tão lentamente 
num tempo em que só acontece 
a palavra espontânea de desejo 
amordaçada e o olhar helicoidal
por cima do cinismo dos homens
e a inveja dos deuses desafiando
amavamo-nos ao ritmo da chuva 
inclemente e torrencial.

Lisboa, 26 de Dezembro de 2013
Carlos Vieira


What The Rain Brought by Mag3llan



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